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PATRONO

Sarah Affonso (Lisboa, 1899 - Lisboa, 1983) foi uma pintora portuguesa.

 

Nascida em Lisboa no seio de uma família relativamente modesta, viveu em Viana do Castelo entre os 5 e os 15 anos de idade. "Estes primeiros anos da sua vida marcariam indelevelmente a sua obra, desenvolvida nos trilhos dessa memória das paisagens minhotas, dos azuis, dos pinhais e das praias, do seu quotidiano e das tradições".

 

Estudou pintura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde foi aluna de Columbano Bordalo Pinheiro. Esteve em Paris em 1923-1924 e, de novo, em 1928-1929 (sobrevive trabalhando num atelier de costura). Expõe no Salon d'Automne de 1928. De regresso a Lisboa, integra-se no ambiente artístico e intelectual lisboeta. Pertencente à segunda geração de pintores modernistas portugueses, contemporânea de Bernardo Marques, Mário Eloy ou Carlos Botelho, expõe no I Salão dos independentes (SNBA, 1930) e em outras mostras coletivas; expõe individualmente; frequenta as tertúlias de A Brasileira (até então um território tipicamente masculino).

 

Em 1934 casa-se com Almada Negreiros, tentando a partir daí conciliar a vida de mãe de família e de pintora. Nos primeiros anos de casamento desenvolve o que será a parte mais importante da sua obra pictórica. "Dos retratos de meninas e mulheres e das paisagens urbanas passa para composições que incorporam motivos antes utilizados nos bordados, oriundos da cultura e imaginário populares. Evoca, a partir da memória da infância passada no Minho, costumes (procissões, festas, alminhas) e mitologias populares".

Celebraria também a sua vida pessoal em pinturas como Família, 1937, um dos seus trabalhos mais emblemáticos, onde se figura com o marido e o primeiro filho. Neste auto-retrato alargado à sua família e que funciona também como metáfora para a lenda do "menino-deus", Sarah Afonso faz uma síntese de vários aspectos da sua obra: "a qualidade do traço, o cromatismo, o desenho implícito na composição narrativa – como se tratasse de um sonho acordado – elementos tradicionais da cultura popular, como os bordados, os brinquedos e as lendas. É comum verificarmos esta associação lírica sobre a realidade, em que o tema se funde com a vivência dos retratados".

 

Foram várias as razões que a levaram a abandonar a pintura em finais dos anos de 1940. "Às razões pessoais juntavam-se a insegurança profissional e a falta de condições de trabalho. Continuou, no entanto, com um trabalho menos visível nas artes decorativas e de apoio a Almada Negreiros [...]. Em finais dos anos 50, retomou algumas das direções interrompidas, como a ilustração infantil (entre outros de A Menina do Mar, 1958, de Sophia de Mello Breyner Andresen) e o desenho".

Expôs individualmente em 1932 e 1939. Participou na Exposição do Mundo Português, 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (8ª Exposição de Arte Moderna, SPN). Em 1953 participou na Bienal de S. Paulo, Brasil. Foram realizadas mostras retrospetivas da sua obra em 1953 e 1962 (Galeria de Março, Lisboa, e Academia Dominguez Alvarez, Porto respetivamente). Encontra-se colaboração sua na revista Sudoeste (1935)

Em 2019 o Museu Calouste Gulbenkian celebrou o 120.º aniversário do nascimento de Sarah Affonso, cuja obra tem sido muito pouco investigada e exposta. Muitas vezes recordada como a mulher de Almada Negreiros, é uma artista de nome reconhecido e com um percurso próprio, de assinalável qualidade. A exposição "Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho" centrou-se na particular relação de Sarah Affonso com a arte e a cultura popular do Minho, que tão fortemente a marcou desde os anos da sua infância e adolescência em Viana do Castelo, entre 1904 e 1915. A exposição apresentou em paralelo, as obras de Sarah Affonso com os objetos cerâmicos, têxteis, de ourivesaria, que formam parte do léxico visual que a inspirou e onde se incluem empréstimos de museus e colecionadores portugueses.

Link: https://gulbenkian.pt/agenda/sarah-affonso-e-a-arte-popular/ Vídeos: 1/4, 2/4, 3/4, 4/4 e visita guiada

© 2024 Associação de Pais EB/JI Sarah Afonso

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